As Marcas Deixadas Pela Revolução Constitucionalista de 1932

As marcas deixadas pela Revolução Constitucionalista de 1932

Todos os grandes movimentos deixam muitas marcas na sociedade e também no turismo!

Com a criação do Canal Serracima, como já dissemos no post dos Dois Anos do Canal SerrAcima , mudamos nossa forma de viajar e de como olhar para os lugares que visitamos. 

Em 2019, enquanto andávamos pela estrada SP-171, Rodovia Paulo Virgínio, logo após sairmos do Lavandário de Cunha-SP, já no finalzinho de tarde, nos deparamos com um monumento de um Herói Constitucionalista de 1932 e, por coincidência, era justamente dia 9 de Julho daquele ano. O monumento nos despertou a curiosidade e nos fez pesquisar mais sobre o assunto.

Depois de algum tempo, já no ano de 2020, em meio da Pandemia do Covid-19, começamos a procurar estradas para percorrer, principalmente na Serra da Mantiqueira. Buscamos novos lugares e voltamos a lugares já conhecidos, como a SP-052 Rodovia Doutor Avelino Júnior. Já havíamos passado várias vezes por lá; desta vez, o objetivo era fazer um vídeo da Rodovia SP-052 e mostrar o Mirante da Garganta do Embaú. Porém, ao fazer uma pesquisa sobre o local descobrimos que a região era cheia de histórias, dos mais diversos períodos históricos do Brasil e um deles é o da Revolução Constitucionalista de 1932.

Ao chegarmos a Garganta do Embaú, desta vez munidos de mais informação, percebemos o quanto de história havia naquele lugar. Fotografamos e filmamos, mas não podíamos fazer apenas o vídeo da SP-052 e da MG-158. Este lugar tinha muito mais curiosidades, paisagens e histórias do que somente a rodovia; e quanto mais exploravamos a região, mais detalhes da história nos era revelado.

Ao voltar para casa e separar as imagens, percebemos que tínhamos um material incrível nas mãos. Nós tínhamos que contar estas histórias, então começamos com um vídeo que conta tudo que aconteceu neste ponto no meio da Serra da Mantiqueira. Inclusive sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 e como estas histórias em alguns momentos se cruzam e deixam marcas, que hoje são pontos turísticos visitados por muitas pessoas, mesmo algumas que como nós, não sabiam ou não perceberam a importância dos locais.

Os Heróis do Túnel

Dom Pedro II construiu a obra mais importante na época: A Estrada de Ferro Minas-Rio e o túnel que cruzava a Garganta do Embaú com extensão de 997m na cota, 1085m acima do nível do mar.

O Túnel foi posição estratégica para conter o avanço das tropas federais contra São Paulo e os Paulistas aguentaram firme. Por isso é considerada uma das batalhas mais sangrentas do conflito armado; os paulistas só se renderam após recuar para não serem flanqueados, pois outras posições ao redor haviam caído. Assim, os paulistas estrategicamente recuaram até Guaratinguetá, onde foi encerrado o conflito.

Como registro, ficaram 3 marcos na Garganta do Embaú, dois do lado paulista e um do lado mineiro. O maior deles é composto por um altar com uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma Cruz e uma Totem com uma grande inscrição "1932". Também existe um pequeno marco com uma placa em homenagem aos Heróis do Túnel. Do lado mineiro existe uma composição com 3 totens que contam um pouco da história do conflito da região.

Do lado mineiro talvez esteja a primeira homenagem a um combatente da Revolução Constitucionalista de 1932: é a Estação Coronel Fulgêncio. Assim que o Coronel foi morto em combate, os companheiros de trincheira imediatamente trocaram o nome da "Estação do Túnel" para "Estação Coronel Fulgêncio", nome que permanece assim até hoje.

Nos dias atuais o local é visitado por muitas pessoas; diversos carros param no mirante e entram em contato com toda esta história, que por sinal deveria estar muito mais bem preservada.

O Lavrador Herói

Quem já foi a Cunha-SP, saindo de Guaratinguetá-SP ou de Paraty-RJ, com certeza passou pela SP-071 Rodovia Paulo Virgínio, que recebe o nome do lavrador que foi preso e torturado pelas tropas federais que buscavam informações sobre as tropas paulistas que se escondiam na região.

O lavrador foi torturado mas não indicou o esconderijo dos paulistas; Paulo Virgínio, foi queimado com água quente e ainda teve que cavar sua própria cova. Por este ato de heroísmo, seus restos mortais se encontram no Mausoléu aos Heróis de 1932, na capital paulista. Também quem passa pela rodovia SP-171 pode ver um monumento em sua homenagem, além claro, do nome da rodovia.

Ruas em toda a Cidade de São Paulo.

Diversas ruas na cidade de São Paulo tem seus nomes em homenagem aos Heróis de 1932, como a Avenida Ataliba Leonel na Zona Norte de São Paulo e Ruas MMDC em diversos municípios de São Paulo. No bairro do Butantã a Rua MMDC cruza com as Rua Martins, Rua Miragaia, Rua Drausio e Rua Camargo, que formam o acrônimo de MMDC.

Claro que não podemos esquecer de duas das principais avenidas da capital paulista: a Avenida 23 de Maio, principal ligação entre o centro e o aeroporto de Congonhas; e também a tradicional Avenida Nove de Julho, acesso do centro a zona sul da capital paulista, que coincidentemente ou não, começa junto a Avenida 23 de Maio.

O Maior Monumento da Capital Paulista

O monumento que compreende o Obelisco do Ibirapuera e o Mausoléu Aos Heróis de 1932 é o maior da capital paulista, mesmo estando fora das grades que rodeiam o Ibirapuera, o monumento faz parte do parque.

Lá estão os restos mortais de diversos combatentes e figuras importantes à época do movimento Constitucionalista de 1932, como o já citado Paulo Virgínio, Guilherme de Almeida, poeta e combatente que ficou conhecido como o "Poeta de 32".

Também de Ibrahim Nobre, que fez os discursos no dia 23 de Maio de 1932 e diversos pronunciamentos nas rádios paulistas da época; ele ficou conhecido como o "Tribuno de 1932".

Junto aos restos mortais de Paulo Virgínio repousam também os restos mortais dos quatro jovens mortos em 23 de maio de 1932: Miragaia, Martins Drausio e Camargo, cujo acrônimo deu nome ao movimento MMDC. Estão na parte central do mausoléu, sob a Escultura do Soldado Desconhecido.

O projeto é do Escultor italo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili e executado pelo Engenheiro Ulrich Edler.

MMDC

  • Mário Martins de Almeida
  • Euclides Miragaia
  • Dráusio Marcondes de Sousa
  • Antônio Americo de Camargo Andrade

Drausio à época de sua morte tinha apenas 14 anos, morreu após cinco dias de ter sido ferido; seu pai Manuel Octaviano Marcondes de Souza, escreveu um livro sobre aquele momento e a morte de seu filho intitulado “Fomos Vencidos?”. O livro inclusive conta a história de outra vítima do dia 23 de Maio de 1932, chamado de Alvarenga, mas que a história deixou de fora, pois este morreria somente em 12 de agosto de 1932.

Drausio não é o mais jovem a ter seus restos mortais no Mausoleu aos Herois de 1932. Aldo Chioratto, morto durante um bombardeio realizado pela Aviação Federal do Brasil na região de Campinas, era escoteiro e atuava como mensageiro durante o conflito; na época de sua morte tinha apenas 9 anos de idade, sendo a única criança a receber esta homenagem.

As Marcas

A revolução deixou marcas por todo estado de São Paulo e também nos estados vizinhos. Também alguns marcos que não deixam esta parte da história paulista e do Brasil serem esquecidas.

Hoje são pontos de turísticos e visitar estes lugares é estar de frente para história; é uma verdadeira viagem no tempo, causado por este movimento que deixou marcas profundas em toda população paulista e que atualmente comemoram o dia 09 de julho como um feriado para lembrar da luta dos paulistas pela liberdade e a democracia. Infelizmente os governos não tem o devido respeito a estes pontos e os deixam sem a manutenção adequada.

O Mausoléu finciona todos os dias das 10h00 às 16h00 e a entrada é gratuita.

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