Jalapão - Diário de Bordo

Jalapão - Diário de Bordo

Nosso diário de bordo pelo Jalapão

Planejando

Após sonharmos um bom tempo em conhecer o Jalapão, compramos uma caminhonete à diesel e achamos que havia chegado a hora de realizarmos a expedição! Fizemos um planejamento a partir de setembro, levantando todas as atrações que queríamos visitar e em novembro fizemos as reservas nas pousadas. Amigos que já tinham viajado para lá nos contaram que, por causa das poucas opções de hospedagem em relação à procura para o período de janeiro, seria ideal reservar com antecedência.

Antes de Partir

Como deve ser antes de cada viagem longa, uma revisão deve ser feita no carro; então, fizemos uma revisão completa na caminhonete, na Oficina Street Motors uma das mais especializadas em Mitsubishi do Brasil.

Já tínhamos baixado a versão paga do Wikiloc e testado na Serra da Canastra. Achamos sensacional! É possível baixar os tracks de outros usuários colaboradores e, à medida em que você percorre o trecho, também é possível gravar um track e fazer o upload, colaborando também no Wikiloc. Para conferir os nossos tracks no Wikiloc acesse: 

Ajeitamos as malas, com tudo que haviámos planejado levar; inclusive alguns itens incomuns que foram indispensáveis durante a viagem, como Calibrador de Pneus e Sapatilhas de Borracha. Fomos dormir e nos preparar para pegar a estrada na manhã do dia 04/04/2020.

04/01/2020 - O início

Às 8h00 partimos para nossa expedição pelo Jalapão! O caminho é bem longo; para quem parte de São Paulo são mais de 2000km até Ponte Alta do Tocantins. Nossa jornada começou pela Rodovia Anhanguera até chegarmos em Ribeirão Preto, onde almoçamos no famoso Pinguim e seguimos viagem até Catalão; foram os primeiros 715km desta viagem incrível. Jantamos na Casa Santo Pane Padaria e Confeitaria. Lá tem pamonha frita recheada com queijo e também empadão goiano, tudo delicioso! Nós nos hospedamos no Hotel Bristol Catalão e encontramos os amigos do Guarulhos Off-Roaders, que conhecemos em 2002 na época que compramos nosso primeiro jipe, um Ford CJ 1972. Que coincidência bacana, eles também estavam a caminho do Jalapão!

05/01/2020 - Catalão a Gurupi

Novamente acordamos cedo e tomamos um café reforçado para continuar a viagem. Passamos por Brasília com chuva, que pena... queríamos fazer pelo menos um vídeo lá, mas ficou para a próxima (1030km). Passamos em Padre Bernardo-GO para almoçar no Restaurante Chapéu de Bico, onde o Giuliano almoçava no período em que trabalhou em Niquelândia-GO (1144km). Comemos arroz com pequi, gueroba com molho (é um palmito amargo bem comum em Goiás) e mais pamonha frita, tudo muito gostoso! Passamos por Uruaçu pela BR-153, que estava bem esburacada... também vimos muitos animais atropelados na pista, muito triste...

Já era noite quando paramos em Gurupi (1625km de viagem até aqui), já no estado do Tocantins. Estávamos com receio de continuar viajando à noite e com chuva e foi excelente: ficamos no Hotel Jequitibá, muito confortável e com bom atendimento.

06/01/2020 - Palmas

Como já estávamos perto de Palmas-TO, acordamos bem tranquilos, tomamos café e pegamos a estrada. Demos a maior volta para chegar a Palmas-TO pela ponte sobre o Rio Tocantins, o Lago de Palmas. Valeu a pena, que visual lindo! Chegamos em Palmas já próximo a hora do Almoço (1876km de casa a Palmas). Passamos na Praia da Graciosa, que estava vazia naquela segunda-feira nublada. Fomos ao Shopping Capim Dourado almoçar, sacar dinheiro e comprar lanches, água e guloseimas. Fomos ao Italian Palace Hotel fazer o check-in e deixar as malas. No jantar, fomos à Taps Cervejaria comer petiscos entre eles a coxinha de chambari (um corte bovino próximo ao joelho, bem comum em Tocantins). Ainda passamos para um sorvete de frutos do cerrado e abastecemos a caminhonete. O dia seguinte nos reservava o trecho que faltava para chegarmos ao tão sonhado e planejado Jalapão!

07/01/2020 - Rio Soninho e Cachoeira da Fumaça

O Primeiro Dia No Jalapão

Ainda faltava um trecho de 150km para chegar ao Jalapão, então acordamos cedo, tomamos café e pegamos a estrada. Passamos por Taquaruçu do Porto, mas o agito do distrito acontece somente aos fins de semana... ao chegar em Ponte Alta do Tocantins, o Portal do Jalapão, (2020km de casa) fomos direto para a Pousada Beira Rio, onde fomos recepcionados pela Daiane, a dona da pousada, que nos deu várias dicas ótimas.

Decidimos ir conhecer o Rio Soninho; seguimos pela estrada de terra bem esburacada. Lá conhecemos um pessoal de Brasília que estava viajando em um Jimny; ficamos batendo papo e depois seguimos juntos até a Cachoeira da Fumaça. Longe, mas compensou – que linda! Depois de contemplá-la, decidimos ficar um tempo no rio, um pouco mais acima; aproveitamos a ótima temperatura da água para refrescar do calorão e ficamos conversando, enquanto três crianças que moram próximas ao rio, estavam lavando roupa e também tomando banho de rio. Mais tarde retornamos para Ponte Alta contemplando o pôr do sol.

Na hora de comer, nada mais tradicional que a jantinha, servida no Restaurante Beira Rio, da mãe da Daiane. A Jantinha consiste em feijão tropeiro, arroz, vinagrete, mandioca cozida e espetinho. Ótima harmonização com uma cervejinha, com vista para a ponte de madeira sobre o Rio Ponte Alta. E de sobremesa, aproveitamos as pitombas do quintal da pousada, que delícia!

08/01/2021 - Lagoa do Japonês e a Pedra Furada

O Segundo Dia No Jalapão

Após o café, por sugestão da Daiane, seguimos para Pindorama do Tocantins para visitar a Lagoa do Japonês. A estrada é bem ruim, o que faz com que os 90km demorem um pouco mais... mas compensou muito: que espetáculo da Natureza! A água é muito transparente devido as substâncias que fazem as impurezas se decantarem e precipitarem; e é salpicada de peixinhos! Vale a pena usar snorkel para contemplar melhor; também vale usar sapatilhas para proteger os pés dos peixinhos e das pedras. Há também uma linda gruta; pode-se chegar até lá de barquinho ou nadando.

Logo ao chegar a Lagoa do Japonês, já reservamos o almoço, que já fica com horário marcado; comemos Caranha frita (um tipo de peixe) acompanhada de caipirinha de melado, tudo muito bom! (Almoço R$25,00 por pessoa). Ainda voltamos para a água para curtir mais um pouco.

Você pode passar dia na Lagoa do Japonês, é cobrada uma de taxa de R$30,00 por pessoa; também é possível alugar equipamentos para mergulho de superfície e também há uma tirolesa.

Na volta, ainda fomos à Pedra Furada para ver o pôr do sol. Após pagarmos a taxa de entrada (R$20,00 por pessoa), é dada uma curta explicação sobre a formação rochosa e a sua conservação. Caminhamos até a pedra, filmamos e fotografamos – com destaque para os papagaios e maritacas que estavam em festa de fim de tarde, lindo demais!

À noite, fomos jantar no Restaurante Tamboril, bem pertinho da pousada. Pedimos uma picanha, arroz com brócolis e suco de tamarindo. Ainda fomos tomar sorvete Frutos de Goiás, buriti, pequi, murici, cajá-manga, cagaita... são deliciosos!

09/01/2021 - A TO 255

O Terceiro Dia - Saída de Ponte Alta do Tocantins

Passou rápido nossa primeira parada no Jalapão e já era hora dar tchau para Ponte Alta do Tocantins – filmamos e fotografamos nos “letreiros” da cidade, aquele registro clássico, rsrsrs. Saímos cedo porque sabíamos que seria um longo dia! Seguimos pela TO-255 e ainda próximos a cidade fizemos nossa primeira parada no Cânion Sussuapara.

É uma linda formação rochosa resultada de anos da ação da água do riacho, das chuvas e ventos, um espetáculo da natureza! É cobrada uma taxa de R$20,00 por pessoa; o acesso pode ser difícil para quem tem mobilidade reduzida, já que é feito por uma escada.

Seguimos sentido Cachoeira da Velha e passamos pela Fazenda que dizem ter pertencido ao traficante Pablo Escobar. Na linda Prainha do Rio Novo encontramos novamente o pessoal do Jimny e ficamos conversando! Devido a época de chuvas, a água estava um pouco turva, mas em uma temperatura muito agradável. Passamos para contemplar a belíssima Cachoeira da Velha, com grande volume de água, chamada de “cataratas do Jalapão”. O acesso à Prainha e a cachoeira são gratuitos.

Continuamos pela estada e pegamos bastante chuva, o que deixou a estrada com muitas poças e lama. Nesse trecho ficamos encantados com três emas que estavam passeando por ali - ver animais soltos na Natureza é sempre emocionante! 

Pensamos em desistir de visitar as dunas, mas como tudo é longe na região, fizemos um esforço que valeu muito a pena. Ao chegar no Parque Estadual do Jalapão (PEJ) não é cobrada entrada, mas é preciso assinar um termo. Chegamos às magníficas dunas alaranjadas e apesar do tempo nublado, pudemos contemplar o esplendor deste lugar! A Serra do Espírito Santo, as veredas, as dunas... de tirar o fôlego! Que lugar lindo de viver! Divertido foi atravessar o riacho, que normalmente é bem raso, mas devido ao volume de chuvas, estava quase na cintura! Rsrsrs

Curtimos bastante; mas ainda tinha um bom trecho de estrada, então, seguimos. E à medida em que anoitecia, começamos a avistar a claridade das luzes da cidade de Mateiros; quando chegamos, já estava bem escuro. Fomos direto à Pousada Encantus do Jalapão, onde fomos muito bem recebidos. Estávamos bem cansados mas famintos; fomos jantar no Restaurante Rosa do Jalapão, comida simples e gostosa, com ótimo atendimento. Ainda passamos para abastecer para aproveitar ao máximo o dia seguinte! Rsrsrs

10/01/2020 - Cachoeira da Velha e Fervedouros

Quato Dia- Descobrindo Mateiros

Ao acordarmos fomos surpreendidos com um café da manhã maravilhoso – cuscuz e tapioca, tudo de bom! Começamos pela Cachoeira do Formiga, o lugar que primeiro inspirou essa viagem... e ao chegar, comprovamos ao vivo: é tudo isso mesmo e muito mais – que lugar deslumbrante e QUE ÁGUA TRANSPARENTE E DE COR LINDA! É cobrada uma taxa de entrada (R$25,00 por pessoa); no local também há restaurante e área de camping. Aproveitamos muito!

De lá, fomos ao Fervedouro Encontro das Águas mas estava muito cheio; os fervedouros têm limite de visitantes por vez e uma dica do pessoal da pousada foi de não esperar e sim ir para outro fervedouro, uma vez que são todos próximos uns dos outros. Deu super certo! Fomos ao Fervedouro do Ceiça, o primeiro a ser aberto ao público e o mais famoso. E matamos nossa curiosidade, pois sempre achamos que o nome “fervedouro” era porque a água seria morna... mas não; a água é de uma temperatura agradável para o calorão do Jalapão. O termo se refere às borbulhas, já que o fervedouro é uma nascente de água límpida e transparente, de areia muito branca e que não deixa afundar – uma experiência incrível! Todos tem muitas árvores e bananeiras ao redor, emoldurando toda a beleza. Todos os fervedouros ficam em áreas particulares e é cobrada uma taxa de entrada (no Ceiça pagamos R$20,00) e geralmente o tempo também é controlado (geralmente vinte minutos de permanência).

De lá fomos ao Fervedouro do Salto. Ele não costuma ser visitado pelas expedições; por isso o valor foi mais barato (R$15,00 por pessoa) e nos deixaram ficar o tempo que quiséssemos. Lá também há restaurante, área de camping e cabanas.

Ainda passamos no Fervedouro dos Buritis (R$20,00por pessoa) – o tempo é curto e queríamos aproveitar ao máximo! E tanta água relaxa muito, que delícia! À noite a energia elétrica acabou bem na hora em que saímos para jantar. Descobrimos que é muito comum de acontecer na região... uma pena para qualquer cidade, principalmente para uma região turística. Bem, sempre andamos com uma lanterna na mochila e foi o que nos ajudou. Pedimos uma jantinha com espetinho, tudo simples e delicioso e como sempre fomos muito bem atendidos, mesmo com a dificuldade da falta de energia elétrica.

11/01/2020 - Mais Fervedouros e o Povoado Mumbuca

O Quinto Dia No Jalapão

Após o café fomos ao Fervedouro das Macaúbas. Adoramos as divertidas placas pelo caminho e além de nos esbaldarmos no fervedouro, ficamos um bom tempo batendo papo com o Carioca, o dono do fervedouro, enquanto tomávamos sorvete de frutos da região. Ele nos contou que estava fazendo várias benfeitorias, como o restaurante e um agradável redário. (R$20,00 por pessoa).

Voltamos ao Fervedouro do Encontro das Águas e dessa vez deu certo; é o menor e mais forte, chega a fazer girar o corpo dentro da água! O nome se dá por causa do encontro entre a água do fervedouro, bem transparente, que desemboca no rio, bem escuro. Há diferença também entre a temperatura da água de ambos, muito legal! (R$20,00 por pessoa) Também passamos no Fervedouro do Sono, também muito lindo! (R$20,00 por pessoa).

Mais tarde, ainda passamos no Povoado Mumbuca para conhecer a Cooperativa de Artesanato em Capim Dourado, uma planta típica da região. Ele nasce apenas espontaneamente, é difícil de ser colhido, pois exige força; serve de matéria prima para lindas peças feitas artesanalmente como brincos, pulseiras, cestos e muitas outras. Em cada peça está o nome do artesão que a fabricou, para que eles recebam o valor após a compra.

12/01/2020 - Destino: São Félix do Tocantins

OSexto dia e a nossa última parada

Após três dias curtindo Mateiros, ajeitamos as tralhas, nos despedimos e seguimos viagem rumo à São Félix do Tocantins pela TO 110; foi nossa terceira e última cidade base na região. A estrada estava bem esburacada! Passamos pela bela e isolada Cachoeira do Prata – ela fica dentro do Parque Nacional das Nascentes do Parnaíba, bem próxima das divisas do chamado MATOPIBA – sigla dos estados que compõem a região: Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O acesso é gratuito.

Lá passamos pela cena mais dantesca da viagem – nosso drone Multilaser enroscou em uma árvore e quando já estávamos desistindo de resgatá-lo... chegou um pessoal de São José do Rio Preto e nos emprestou um cajado! Daí o Giuliano subiu na caminhonete e conseguiu retirar o drone da árvore! Foi hilário! Rsrsrs

Chegando em São Félix do Tocantins fomos direto para o Fervedouro Bela Vista e logo que chegamos, começou a chover. Resolvemos almoçar para ver o que acontecia com o clima. Almoçamos – buffet a quilo, tudo muito bom, com peixe frito e chambari – e foi o tempo da chuva estiar. A estratégia deu certo! (Restaurante R$22,00 por pessoa, bebidas à parte).

O Fervedouro Bela Vista é um dos mais bonitos da região, com passarela e deck de madeira, um poço grande, belo paisagismo e também um mirante de onde é possível tirar fotos do alto. Bem bacana, curtimos bastante! (R$30,00 por pessoa).

De lá seguimos para a Cachoeira das Araras; paga-se uma taxa para entrar (R$15,00 por pessoa) e pode-se seguir de carro até pertinho da cachoeira. Tem um poço delicioso para nadar e dá para chegar até onde a cachoeira deságua, muito relaxante! Lá também tem restaurante e o atendimento foi ótimo!

Fomos para a Pousada Encanto do Jalapão, na beira do Rio Soninho; claro que aproveitamos para mais um mergulho para refrescar, rsrsrs. E voltamos para a cidade para jantar, novamente sem energia, que pena... Comemos espetinhos e mandioca cozida no Pit Dog Arrais, muito gostoso!

13/01/2020 - Dia de Se Despedir do Jalapão

Uma Semana no Jalapão

Novamente acordamos cedo e tomamos café no rancho na beira do rio. Pegamos o estradão de areia para deixar o Jalapão. Fomos curtindo as belas paisagens e passamos pela Pedra da Catedral, um dos marcos do Jalapão - muito linda!

E para provar que o Jalapão é bruto, vimos uma cena para comprovação: um guincho com o eixo quebrado... talvez tenha caído em um atoleiro... deve ter dado muito trabalho para tirá-lo de lá!

Por orientação do pessoal da região, preferimos não passamos por Novo Acordo, pois disseram que a estrada estava em péssimas condições. Seguimos em direção de Lagoa do Tocantins e completamos a nossa volta pelo Jalapão em Santa Terezinha do Tocantins. Fomos para Palmas e... esse é assunto para outro post!

Foram dias inesquecíveis de paisagens belíssimas, muita água, calor, gente bacana e muita diversão! Apesar de viajarmos por nossa conta, o Wikiloc foi excelente e não nos perdemos nenhuma vez! rsrsrs Descobrimos porque o Jalapão é tão famoso; vale muito a pena ser conhecido e aproveitado!

A gente se vê na estrada!

As informações se referem ao período em que estivemos no Jalapão - janeiro de 2020. Esse é um resumo da nossa experiência, que pode não ser a mesma de outros viajantes. Não temos nenhuma ligação com os locais informados, somos apenas viajantes e compartilhamos nossas experiências para, quem sabe, inpirar outros viajantes.

Vem com a gente SerrAcima!

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